Emprego

86% dos municípios no Japão buscam trabalhadores estrangeiros, aponta pesquisa

Em contrapartida, algumas regiões priorizam atrair jovens japoneses como primeira opção

86% dos municípios no Japão buscam trabalhadores estrangeiros, aponta pesquisa
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Tóquio, Japão — Uma pesquisa realizada pela agência Kyodo News revelou que 86% dos municípios japoneses estão buscando atrair mais mão de obra estrangeira para lidar com a grave escassez de trabalhadores, especialmente nos setores da agricultura e outros segmentos cruciais das regiões locais.

A preocupação com a queda acentuada na taxa de natalidade está levando as autoridades locais a considerar a imigração como uma solução.

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O estudo abrangeu as 47 províncias do Japão, enviando questionários aos governadores e prefeitos de 1.741 cidades, distritos e vilas. A agência Kyodo News recebeu respostas de 1.682 municípios, representando um impressionante percentual de 94%.

Segundo os resultados, 84% dos chefes de governo locais manifestaram estar “fortemente” preocupados com o risco de suas comunidades desaparecerem devido à escassez de mão de obra.

Este número representa um aumento significativo em comparação com um estudo semelhante de 2015, que registrou que 77% dos líderes locais estavam apreensivos quanto ao futuro de suas comunidades. Há um ano, um grupo privado já havia alertado que 896 municípios japoneses poderiam enfrentar a extinção no futuro.

O levantamento da Kyodo, conduzido entre julho e agosto, baseou-se em projeções populacionais realizadas pelo Instituto Nacional de Pesquisa sobre População e Segurança Social em abril.

De acordo com essas projeções, estima-se que os estrangeiros residentes no Japão aumentarão para cerca de 10% da população total do país até 2070, em comparação com apenas 2% em 2020. Enquanto isso, a população total do Japão deve diminuir em 30% para 87 milhões de habitantes em 2070, com quase 40% dessas pessoas tendo 65 anos ou mais.

Entre os chefes de governos locais entrevistados, 30% consideraram “necessário” promover a contratação de trabalhadores estrangeiros, enquanto 56% afirmaram ser “um tanto necessário”. Em contrapartida, apenas 8% consideraram que isso era “desnecessário” ou “um tanto desnecessário”.

Em algumas das 47 províncias japonesas, a aceitação da presença de mão de obra estrangeira atingiu níveis impressionantes, com 16 delas registrando 90% ou mais de apoio.

As províncias de Shimane e Kochi, no oeste do Japão, lideram o ranking, com 100% de aceitação. Os líderes locais citaram a escassez de pessoal como a principal razão para essa abertura, especialmente em setores críticos como cuidados médicos, enfermagem, agricultura e indústria transformadora.

No entanto, alguns municípios, como Shichigahama, na província de Miyagi, alegaram que as oportunidades de emprego disponíveis na cidade eram limitadas, o que os levou a não considerar o aumento da mão de obra estrangeira como uma prioridade.

Por outro lado, Nishinoomote, na ilha de Tanegashima, província de Kagoshima, defendeu que os esforços deveriam se concentrar em atrair jovens cidadãos japoneses para se estabelecerem na área.

Pelo menos 63% dos governos locais relataram que estão tomando medidas para auxiliar os residentes estrangeiros a se integrarem em suas comunidades, incluindo a oferta de cursos de língua japonesa e a tradução de informações governamentais para vários idiomas.

Além disso, 20% afirmaram que fornecem incentivos financeiros a empresas que contratam trabalhadores estrangeiros, com programas de correspondência entre cidadãos estrangeiros e empresas, visando facilitar a transição para a força de trabalho japonesa.

Com a contínua preocupação com a escassez de mão de obra e o envelhecimento da população, o Japão parece estar cada vez mais aberto à ideia de atrair talento estrangeiro para suas regiões locais. O debate sobre políticas de imigração e integração de estrangeiros continua a crescer em todo o país.

Foto: Freepik

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