Tóquio, Japão — Em uma pesquisa recente conduzida pelo Banco do Japão (BOJ), foi revelado que as expectativas de inflação dos lares japoneses aumentaram nos três meses até junho. Esse desenvolvimento sugere que as condições para a retirada do amplo estímulo monetário podem estar gradualmente se concretizando.
Os resultados desta pesquisa desempenharão um papel crucial no processo decisório do BOJ em relação às previsões de inflação. Agendada para 27 a 28 de julho, a revisão das taxas determinará se o BOJ deve manter sua política de controle da curva de rendimentos, que estabelece um limite de 0% nos rendimentos de longo prazo.
Segundo a pesquisa do BOJ, a porcentagem de lares japoneses que esperam aumento nos preços no próximo ano alcançou 86,3% em junho. Esse número representa um leve aumento em relação aos 85,7% registrados em março e é o nível mais alto desde junho de 2022.
Embora a pesquisa indique uma redução nas expectativas de inflação dos lares para o próximo ano, com uma média projetada de 10,5% em comparação com os 11,1% da pesquisa anterior, a previsão ainda permanece significativamente acima da meta de 2% estabelecida pelo BOJ.
Além disso, a pesquisa revelou que a porcentagem de lares que esperam aumento nos preços nos próximos cinco anos também aumentou, atingindo uma alta de um ano de 79,0% em junho, em comparação com os 75,4% registrados três meses antes.
Essa pesquisa enfatiza que os consumidores continuam sentindo o impacto do aumento dos custos de vida, apesar da moderação na inflação no atacado devido à queda nos preços das commodities globais.
As expectativas de inflação dos lares desempenham um papel vital na avaliação do BOJ sobre se a inflação atingirá consistentemente a meta de 2% – um requisito prévio para a redução gradual do programa de estímulo do BOJ.
Além disso, outra pesquisa indicou que as empresas esperam que a inflação se mantenha acima de 2% nos próximos cinco anos. Isso sugere que o Japão, a terceira maior economia do mundo, pode finalmente estar emergindo de mais de duas décadas de crescimento e inflação contidos.
O governador do BOJ, Kazuo Ueda, enfatizou a necessidade de manter uma política monetária extremamente flexível até que haja evidências claras de que a inflação atingirá sustentavelmente a marca de 2%, impulsionada pela demanda doméstica.
No entanto, o BOJ está começando a observar sinais de que a inflação está cada vez mais impulsionada pela melhoria da demanda do consumidor. Se essa tendência continuar, poderá fornecer ao governador Ueda justificativa para se afastar do amplo estímulo monetário implementado por seu antecessor.
A recente especulação de mercado sobre um possível ajuste na política no futuro próximo levou a um aumento nas taxas de juros de longo prazo no Japão e no valor do iene. Os investidores estão reconhecendo a crescente pressão inflacionária.
Naomi Muguruma, economista sênior de mercado na Mitsubishi UFJ Morgan Stanley Securities, expressou dúvidas sobre a prontidão do BOJ em tomar medidas imediatas, citando incertezas em relação às perspectivas econômicas.
“Seria surpreendente se o BOJ fizesse ajustes na política neste mês”, comentou ela. “Embora as empresas estejam aumentando os salários e os preços, ainda é difícil prever se esse impulso salarial e inflacionário será sustentado no próximo ano.”
Foto: REUTERS/Androniki Christodoulou