Tóquio, Japão — Na esperada última reunião do ano, realizada nesta terça-feira (19), a equipe do Banco do Japão (BOJ) anunciou a decisão de manter sua política de crédito fácil de longa data.
Os técnicos do banco afirmaram que vão continuar monitorando as tendências de preços e salários antes de considerar aumentar a taxa de juros de referência, atualmente em território negativo.
Os investidores e analistas do mercado, que aguardavam ansiosamente a decisão, especulavam sobre possíveis mudanças na política monetária do BOJ.
Acreditava-se que o banco central japonês poderia ajustar sua abordagem devido aos aumentos de preços que elevaram a inflação acima da meta de 2%.
Após o anúncio, o dólar americano fortaleceu-se em relação ao iene japonês, e os preços das ações apresentaram alta.
A taxa de referência negativa de 0,1%, mantida pelo BOJ, planeja incentivar os bancos a emprestar mais e estimular o crescimento econômico.
Além disso, o banco central tem adotado medidas como a compra de bilhões de dólares em obrigações governamentais para injetar mais dinheiro na economia, especialmente diante do envelhecimento da população japonesa.
Analistas observaram que, embora a inflação no Japão tenha aumentado recentemente para cerca de 3%, o ritmo foi mais lento em comparação com os EUA e outras grandes economias.
O presidente do BOJ, Kazuo Ueda, expressou cautela em relação ao aumento das taxas, destacando que os ajustes salariais não acompanharam a elevação dos preços.
A empresa de pesquisa Oxford Economics afirmou que o BOJ continuará revisando sua estratégia, mas não terá pressa em abandonar sua posição atual de flexibilização quantitativa. A saída, segundo eles, exigirá anos e medidas políticas abrangentes em colaboração com o governo para garantir um processo estável.
Na mesma linha, o presidente da Federação das Indústrias do Japão, Masakazu Tokura, comentou pela manhã que o BOJ precisa normalizar a política monetária o mais cedo possível.
Ele argumentou que a política de estímulo, incluindo taxas de juro negativas, deveria ser abandonada em um futuro não tão distante, considerando a estabilização da inflação e das taxas de juros reais nos Estados Unidos.
Tokura ressaltou que os empresários estão comprometidos em oferecer aumentos salariais sustentáveis e estruturais, alinhados com as expectativas do BOJ.
Ele encerrou a entrevista destacando que o mercado não deseja uma política de taxas de juros que não esteja em harmonia com os fundamentos econômicos, o que poderia impactar negativamente a economia japonesa.
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