Japão

Morte do ex primeiro-ministro Shinzo Abe completa 1 ano

A um ano do assassinato de Shinzo Abe, Japão busca reforçar segurança política e homenageia ex-premiê

Morte do ex primeiro-ministro Shinzo Abe completa 1 anoO ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe na Base Conjunta Pearl Harbor Hickam's Kilo Pier. (Kent Nishimura/Getty Images)
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Nara, Japão — Um ano se passou desde o chocante assassinato do ex-primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, durante um discurso de campanha eleitoral na cidade de Nara, no oeste do país. Em memória de Abe, uma cerimônia será realizada neste sábado (8) no Templo Zojo, no centro de Tóquio, a partir das 11h, com a presença do atual primeiro-ministro Kishida Fumio. Durante a tarde, o público terá a oportunidade de prestar suas homenagens com a oferta de flores em um estande improvisado, conforme anunciado pela emissora NHK.

Enquanto a nação se recorda do trágico evento, as investigações sobre as ações de Tetsuya Yamagami, de 42 anos, suspeito de ter atirado em Abe com uma arma caseira, continuam em andamento. Após sua prisão, Yamagami afirmou que cometeu o assassinato devido à suposta ligação do ex-premiê com uma denominação religiosa conhecida como Federação para a Paz Mundial e a Unificação.

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Segundo as informações reveladas durante o interrogatório, Yamagami alegou que sua mãe havia feito doações significativas para o grupo religioso, o que teria causado sérios problemas financeiros à família. Fontes investigativas afirmam que o suspeito se recusa a ter qualquer contato com sua mãe e nunca respondeu às suas cartas. Além disso, Yamagami não deseja receber a visita de seu pai, um homem de 70 anos, enquanto está detido.

Além da cerimônia em memória de Abe, a facção liderada pelo ex-premiê no Partido Liberal Democrático (PLD) também realizará um evento em Tóquio neste sábado. Desde a morte de Abe, uma disputa interna pela liderança tem sido travada, com vários candidatos, incluindo o líder interino Shionoya Ryu, almejando assumir a chefia da facção.

Enquanto isso, importantes membros do partido, como o chefe de política, Koichi Hagiuda, e o secretário-chefe de Gabinete, Hirokazu Matsuno, estão defendendo uma liderança coletiva. O fato é que o assassinato de Abe deixou uma marca profunda no Japão e continua a influenciar a política do país.

Yamagami foi indiciado por assassinato e outras acusações em janeiro deste ano. Após sua prisão, ele foi submetido a uma avaliação psicológica para determinar sua aptidão para julgamento, o qual, segundo seus advogados, deve ocorrer no próximo ano.

A primeira audiência de pré-julgamento de Yamagami no Tribunal Distrital de Nara estava agendada para o dia 12 de junho, mas foi cancelada após a entrega de uma caixa suspeita ao tribunal no mesmo dia. Posteriormente, descobriu-se que a caixa continha petições pedindo clemência para o acusado, conforme relatado pela Kyodo News.

Yamagami provavelmente não participará da sessão de pré-julgamento, na qual funcionários do tribunal, promotores e advogados irão discutir questões, revisar evidências e estabelecer o cronograma do julgamento, afirmaram as fontes.

Preocupada com a segurança dos políticos, a Agência Nacional de Polícia do Japão tem debatido mudanças no esquema de proteção para evitar a repetição de tais incidentes. Em abril do ano passado, um homem lançou um artefato explosivo caseiro contra o atual primeiro-ministro Fumio Kishida durante um evento de campanha na cidade de Wakayama, no oeste do país. O agressor foi detido e Kishida saiu ileso.

Os partidos políticos exigem que os discursos de campanha sejam realizados em locais fechados, onde é possível exercer um controle maior sobre a presença de pessoas, garantindo uma distância segura entre o orador e o público. Imagens do dia 8 de julho de 2022 mostram Yamagami sozinho, alguns metros atrás de Abe, sacando uma arma de sua bolsa e efetuando dois disparos.

Esta semana, a Agência Nacional de Polícia divulgou que uma das mudanças no esquema de proteção aos políticos será a análise antecipada de pessoas consideradas perigosas, capazes de representar riscos para aqueles que farão discursos ou participarão de outras atividades. A análise do ataque contra Abe ressaltou a falta de proteção adequada em uma área atrás do ex-líder como um fator que facilitou a ação de Yamagami.

Outra medida será o uso de câmeras com Inteligência Artificial para detectar “criminosos solitários”, segundo o jornal Nikkei. O equipamento será testado ao longo do atual ano fiscal, que se encerra em março de 2024. As câmeras com IA poderão identificar comportamentos suspeitos com base nos movimentos e reconhecimento facial das pessoas. Por exemplo, se alguém olhar repetidamente ao redor, indicando uma atitude suspeita, o sistema poderá detectá-lo. Além disso, o equipamento terá a função de detectar armas e outros objetos, bem como a invasão de áreas restritas.

Foto: Kent Nishimura/Getty Images

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