Tóquio, Japão — Previsões meteorológicas alarmantes indicam que o verão deste ano será o mais quente já registrado no Japão, conforme relatado pelo jornal Asahi.
No verão de 2023, temperaturas recordes foram observadas em todo o país, com a província de Yamanashi atingindo impressionantes 38°C, seguida por Itoigawa, na província de Niigata, com 31,4°C, e Tóquio marcando 27°C. Este período, estendendo-se de julho a novembro, abrangeu a estação mais quente do ano e o outono.
Embora o ano passado tenha sido considerado um dos mais quentes em várias partes do mundo, as expectativas são de que este verão seja ainda mais severo.
Os meteorologistas apontam que as temperaturas recordes registradas em fevereiro deste ano, com máximas entre 18°C e 20°C na semana passada, na maioria do Japão, incluindo áreas do norte, são um prenúncio sombrio em um ano que os especialistas afirmam que será provavelmente o mais quente da história do país.
Takeshi Doi, pesquisador sênior do clima na Agência Japonesa para Ciência e Tecnologia Marinha-Terrestre (JAMSTEC), explicou que o fenômeno climático El Niño está entre os principais fatores contribuintes para essas temperaturas extremas.
Embora se espere que o El Niño diminua a partir desta primavera e desapareça no final do verão, a energia remanescente ainda precisará se dissipar, mantendo o calor acumulado.
O Monitor Europeu do Clima destacou que novos recordes de temperatura foram estabelecidos entre junho de 2023 e janeiro de 2024. No Japão, a primavera, o verão e o outono foram caracterizados por anomalias de temperatura significativas, com médias acima da normalidade em 1,6°C, 1,8°C e 1,4°C, respectivamente, conforme relatado pela Agência Meteorológica.
Prevê-se que o El Niño coincida com temperaturas médias mais elevadas nesta primavera, com consequências potenciais como neve pesada, capaz de danificar infraestruturas, e um florescimento imprevisível das cerejeiras.
Em meio a esses prognósticos preocupantes, os agricultores e cooperativas agrícolas em todo o Japão estão se preparando para um verão potencialmente brutal.
Na província de Shiga, por exemplo, várias medidas estão sendo implementadas para proteger as colheitas, após o ano passado registrar vários dias consecutivos com temperaturas superiores a 35°C. Isso resultou em grãos de arroz branco turvos, com uma redução significativa na qualidade e quantidade da colheita.
Para enfrentar esses desafios, a província de Shiga está promovendo uma nova variedade de arroz branco chamada kiramizuki, resistente ao calor e menos vulnerável a condições climáticas extremas.
Esta variedade, que produz quase 90% de arroz de primeira qualidade, já está disponível em Tóquio.
Embora vários fenômenos climáticos tenham contribuído para o aumento das temperaturas na última década, a previsão de uma coligação de grandes modelos climáticos aponta que 2024 será ainda mais quente do que 2023.
Diante desse cenário desafiador, o Japão se prepara para enfrentar um verão excepcionalmente quente, adotando medidas de adaptação e buscando soluções inovadoras para mitigar os impactos do clima extremo.
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