Tóquio, Japão — O Japão enfrenta uma crescente preocupação com a sífilis, com um registro recorde de 14.906 casos em 2023, conforme relatado pelo jornal Yomiuri. Este número representa um aumento pelo terceiro ano consecutivo, ultrapassando os 13.228 casos confirmados em 2022.
Segundo o Instituto Nacional de Doenças Infecciosas, há uma crescente inquietação não apenas com os casos de sífilis em si, mas também com as ocorrências de sífilis congênita, na qual o feto é infectado pela mãe através da placenta.
Os especialistas do Instituto explicam que a sífilis é uma doença infecciosa causada pela bactéria Treponema pallidum, transmitida principalmente por contato sexual.
Os sintomas incluem o aparecimento de caroços ou feridas nos órgãos genitais, ou na boca, acompanhados de inchaço dos gânglios linfáticos e erupção na pele, que pode se espalhar por todo o corpo. O diagnóstico é geralmente realizado por meio de exames de sangue.
Embora os sintomas possam parecer leves, a sífilis não tratada pode levar a complicações graves, afetando principalmente o cérebro ou o coração. Além disso, a doença pode ser transmitida por indivíduos infectados que não apresentam sintomas.
Apesar da eficácia do uso de preservativos na prevenção, isso não garante proteção completa, e as pessoas podem se infectar novamente, mesmo após a recuperação. No entanto, o tratamento precoce com o antibiótico penicilina é eficaz e pode curar completamente a doença.
Um representante do Instituto ressaltou: “A sífilis pode ser curada rapidamente se for detectada prontamente. Se você tiver alguma dúvida, é importante fazer testes.”
Tóquio lidera os casos de sífilis, com 3.658 registros, seguida por Osaka, com 1.967. Fukuoka confirmou 939 casos; Aichi teve 817; e Hokkaido, 677. Esses números evidenciam a tendência contínua de casos concentrados principalmente em áreas urbanas.
Quanto à sífilis congênita, esta pode resultar em parto prematuro, natimorto e deficiências intelectuais, visuais e auditivas no feto. O número de casos relatados permaneceu em torno de 20 por ano desde 2018, mas saltou para 37 em 2023, de acordo com dados preliminares.
Embora as razões para o recorde de casos ainda não estejam claras, especialistas consideram alguns fatores potenciais, como o aumento da promiscuidade e possíveis problemas no diagnóstico.
O professor Hiroshige Mikamo, da Universidade Médica de Aichi, líder das medidas contra a sífilis na Sociedade Japonesa para Infecções Sexualmente Transmissíveis, expressou preocupação com a subnotificação.
Ele sugere que as pessoas se submetam a testes caso tenham se envolvido em atividades sexuais de risco ou tenham tido novos parceiros.
“Para evitar a propagação de infecções, pedimos às pessoas que não hesitem em fazer o teste se tiverem a menor preocupação”, concluiu Mikamo.
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