Tóquio, Japão — Uma pesquisa realizada pela Universidade de Alberta, no Canadá, revelou que os cidadãos chineses consideram o Japão e os Estados Unidos como nações pouco confiáveis e, ao mesmo tempo, as mais propensas a se envolver em um conflito militar com Pequim na próxima década. Os resultados surpreenderam os pesquisadores ao contrariarem os fortes laços econômicos bilaterais existentes entre a China e o Japão.
A pesquisa obteve aproximadamente 2.000 respostas válidas de cidadãos chineses entre janeiro e março deste ano.
Além de revelar a desconfiança em relação ao Japão e aos Estados Unidos, o estudo também apontou que o Japão foi classificado como tendo o relacionamento menos importante com a China, enquanto a Rússia liderou o ranking tanto em confiabilidade quanto em importância de longo prazo.
Os entrevistados responderam a perguntas sobre as relações chinesas com nove países, incluindo Austrália, Grã-Bretanha, Canadá, França, Alemanha, Índia, Japão, Rússia e Estados Unidos, além da União Europeia. Surpreendentemente, os resultados indicaram que o povo chinês manifestou uma opinião favorável à Rússia, mesmo diante da recente invasão da Ucrânia por parte do país.
Os pesquisadores acreditam que essas percepções reflitam as tensões entre a China e as nações ocidentais, particularmente em relação a Taiwan, bem como a proximidade entre Pequim e Moscou.
A pesquisa revelou uma baixa confiança do povo chinês no Japão, influenciada pelas “imagens negativas do Japão decorrentes de grandes hostilidades na primeira metade do século 20 – reforçadas no currículo educacional chinês e na mídia popular – e atuais disputas territoriais”.
A Universidade de Alberta ressaltou que a resposta dos chineses em relação à relativa insignificância das relações Pequim-Tóquio foi surpreendente, considerando os fortes laços econômicos bilaterais.
Os pesquisadores acreditam que outros fatores, como as disputas territoriais entre China e Japão e o crescente poder militar de ambas as nações, podem ter influenciado as respostas, indicando a necessidade de uma gestão cuidadosa para promover a prosperidade e reduzir conflitos na relação bilateral.
Pequim tem reivindicado sua soberania sobre as ilhas Senkaku no Mar da China Oriental, enquanto Tóquio afirma que as ilhotas são parte integrante de seu território, argumentando não haver disputa territorial entre os países.
A pesquisa, liderada pelo professor de ciência política Reza Hasmath, da Universidade de Alberta, foi conduzida em cooperação com uma empresa de pesquisa na China, utilizando métodos online e telefônicos.
Os resultados indicam a importância de se compreender as percepções e opiniões do povo chinês no contexto das relações internacionais, especialmente quando se trata de países vizinhos e parceiros econômicos importantes.
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