Tóquio, Japão — Hoje, a mídia estatal da Coreia do Norte compartilhou uma declaração instigante, sugerindo a possibilidade de um encontro entre o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, e o líder norte-coreano, Kim Jong Un.
A declaração foi atribuída à irmã de Kim, Kim Yo Jong, que pressionou por uma “decisão” de Tóquio sobre o assunto, conforme noticiado pela Kyodo News.
Segundo o comunicado divulgado pela Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA), Kim Yo Jong indicou que Kishida recentemente propôs uma reunião pessoal “o mais rápido possível” por meio de “canais alternativos”.
Kishida, por sua vez, abordou o assunto durante uma sessão parlamentar, destacando os esforços de seu governo para facilitar um possível encontro com o líder norte-coreano.
No entanto, ele ressaltou não ter conhecimento prévio do anúncio feito pela Coreia do Norte.
O primeiro-ministro japonês enfatizou a importância dessas conversações para resolver a questão dos cidadãos japoneses sequestrados por Pyongyang nas décadas de 1970 e 1980, uma pauta sensível para o Japão.
Em fevereiro, Kim Yo Jong havia sugerido que uma visita de Kishida a Pyongyang poderia ser viável se Tóquio não transformasse a questão dos sequestros em um obstáculo entre os dois países, conforme reportado pela KCNA.
Nesta segunda-feira, Kim reiterou a importância de Tóquio tomar uma “decisão política real” para melhorar as relações bilaterais, instando o Japão a reconsiderar sua posição sobre os sequestros.
Para a Coreia do Norte, a questão dos sequestros é considerada encerrada, embora o Japão oficialmente liste 17 cidadãos japoneses como sequestrados.
É importante notar que o Japão e a Coreia do Norte não mantêm relações diplomáticas oficiais, tornando qualquer aproximação entre os dois países um evento de grande significado.
A declaração de Kim Yo Jong também reflete a tensão subjacente entre os dois países, com ela caracterizando Tóquio como um “inimigo, nunca amigo” se continuar com uma postura considerada “hostil” e que infrinja a soberania norte-coreana.
Analistas interpretam essa oferta da Coreia do Norte como uma possível tentativa de minar a cooperação de segurança trilateral entre Tóquio, Seul e Washington, considerando especialmente os recentes lançamentos de mísseis por Pyongyang em resposta aos exercícios militares conjuntos entre EUA e Coreia do Sul.
Vale recordar que em 2002, cinco cidadãos japoneses sequestrados foram devolvidos ao Japão após o então primeiro-ministro japonês Junichiro Koizumi se encontrar com o então líder norte-coreano, Kim Jong Il, em Pyongyang, marcando uma rara negociação entre os dois países.
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