Pequim/Tóquio — Em uma revelação surpreendente, o jornal Yomiuri informou que várias pessoas que teriam efetuado chamadas telefônicas para o Japão para supostamente criticar o despejo de água radioativa tratada da usina de Fukushima no mar, na verdade o fizeram “por diversão” ou “para passar o tempo”.
O diário japonês realizou ligações para os números com código da China, 86, e descobriu que muitas das pessoas do outro lado da linha eram adolescentes na faixa dos 20 anos. Uma delas criticou unilateralmente a liberação da água da usina no oceano, enquanto muitas outras disseram que ligaram sem pensar muito ou sentir culpa.
Segundo o jornal, um chinês de 16 anos disse que telefonou três vezes para uma instalação pública de Tóquio, apesar de o local não ter qualquer ligação com a descarga de água tratada no mar.
Jornais chineses publicaram críticas à decisão do despejo da água da usina do Japão, chamando-a de “água contaminada nuclear”. No entanto, um dos que ligou para telefones no Japão disse apenas: “Eu não me importava para quem eu ligava. Eu só queria me divertir.”
O jovem disse que viu mensagens críticas ao plano do Japão no TikTok, mas ressaltou que não tem ressentimentos em relação ao país e nem preocupações quanto ao despejo de água no mar.
Como estava cansado da rotina, disse apenas que queria se “divertir”. O chinês comentou ainda: “Não é como se eu tivesse alguma opinião específica. De qualquer forma, não vou ligar mais.”
Uma estudante de 14 anos de Jiangsu ligou para um órgão público de Tóquio, mas não para criticar o Japão. “Não tínhamos nada para fazer, então tentamos fazer um telefonema para passar o tempo”, disse. Ela acrescentou: “Eu sabia que estávamos irritando alguém, mas não ligávamos repetidamente. Isso é tão ruim assim?”
Outro estudante, de 17 anos, preferiu ligar para um hotel em Soma, na província de Fukushima, com o mesmo objetivo.
Já um homem de 25 anos disse que ligou movido pelo patriotismo. Ligou para um hotel da província de Hiroshima e para uma universidade de Tóquio e postou nas redes sociais.
Ele disse que falou em chinês mesmo para dar sua posição. “Não acho que causei nenhum problema. O Japão é que está incomodando o povo chinês com a liberação no oceano.”
Os telefones de órgãos públicos, escolas, empresas japonesas teriam sido publicados em redes sociais da China, logo após o início da descarga da água no mar em 24 de agosto. A polícia japonesa recebeu queixas sobre tais ligações, sem poder fazer muito a respeito. Com o passar dos dias, o número de ligações parece ter diminuído.
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