Tóquio, Japão — Um recente levantamento conduzido pela Agência Nacional de Polícia do Japão revelou que o uso de capacetes por ciclistas continua sendo uma questão preocupante no país, apesar de ser considerado uma “obrigação moral”. A pesquisa aponta também para disparidades significativas nas diferentes regiões do Japão.
Essa análise foi realizada após uma modificação na legislação de trânsito em abril deste ano, que tornou o uso de capacetes moralmente obrigatório, embora não legalmente, para os ciclistas, sem a aplicação de punições.
Os resultados impressionantes indicam que a província de Ehime lidera com a maior taxa de uso de capacete, registrando 59,9% dos ciclistas aderindo à prática. Em contrapartida, a província de Niigata apresentou a menor taxa de utilização, com apenas 2,4% dos ciclistas fazendo uso de capacete. A média nacional de adesão ficou em torno de 13,5%.
Além disso, os dados revelaram que a maioria das vítimas fatais em acidentes de bicicleta não estava utilizando capacete. Até o final de julho, 167 ciclistas perderam a vida em acidentes, e surpreendentemente 90% deles (150 pessoas) não usavam capacete.
Uma análise dos acidentes envolvendo ciclistas nos últimos cinco anos demonstrou que a taxa de mortalidade para aqueles sem capacete era 2,1 vezes maior em comparação aos que utilizavam esse equipamento de segurança.
Frente a esses números alarmantes, a Agência Nacional de Polícia planeja intensificar esforços para promover o uso de capacetes durante a próxima campanha nacional de segurança no trânsito, que está marcada para iniciar em 21 de setembro.
Para enfatizar a importância do uso de capacetes, a Federação de Automóveis do Japão (JAF) realizou um experimento simulando uma colisão entre uma bicicleta carregando uma mãe e dois filhos pequenos e uma bicicleta com um único ciclista.
Os resultados indicaram que o impacto na cabeça de uma criança sem capacete, sentada no assento traseiro da bicicleta, era 17 vezes maior do que quando a criança estava usando o equipamento de segurança.
Mesmo quando a bicicleta estava parada e caía, o impacto na cabeça de uma criança desprotegida era três vezes maior, aumentando o risco de danos cerebrais graves e morte.
Essas descobertas ressaltam a importância crucial do uso de capacetes por ciclistas de todas as idades e enfatizam a necessidade de campanhas de conscientização e fiscalização mais rigorosas para garantir a segurança dos ciclistas nas vias públicas.
É importante notar que, no contexto japonês, a expressão “obrigação moral”, ou “doryoku gimu,” se refere ao uso altamente recomendado e encorajado de capacetes, embora não seja estritamente obrigatório nem legalmente exigido. Portanto, não há penalidades legais pelo não cumprimento, mas é considerado um dever moral e social fazer o esforço de usar esse equipamento de segurança essencial.
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