Fukushima, Japão — Pescadores e residentes da província de Fukushima estão se unindo para entrar com uma ação judicial no próximo mês, exigindo que a Tokyo Electric Power Co. (TEPCO) e o governo parem de liberar água tratada radioativa no oceano.
Segundo o jornal Asahi, a ação está agendada para ser apresentada no Tribunal Distrital de Fukushima no dia 8 de setembro, e contará com cerca de 100 indivíduos como demandantes.
Em uma coletiva de imprensa realizada na quarta-feira (23), os advogados que representam os interessados anunciaram a intenção de contestar a decisão de despejar a água tratada contaminada no oceano, ressaltando preocupações relacionadas à saúde pública e aos meios de subsistência locais.
Hiroyuki Kawai, um dos advogados envolvidos no caso, afirmou: “O governo e a TEPCO estão tentando infligir danos aos demandantes, tendo sido negligentes em sua abordagem da catástrofe tripla na Usina Nuclear de Fukushima nº 1, e agora com a decisão de descarregar a água no oceano.”
Embora o governo tenha assegurado que a água contaminada por elementos radioativos esteja passando por um processo de tratamento antes de ser liberada, os advogados planejam sustentar que a segurança desse plano não foi devidamente garantida.
Além disso, eles se basearão em um documento datado de 2015, apresentado pelo governo e pela TEPCO à associação de pesca da província de Fukushima, que afirmava que a liberação da água tratada não ocorreria sem o consentimento das partes envolvidas.
A preocupação central dos pescadores reside na possibilidade de suas capturas perderem valor comercial com a introdução da água tratada no oceano. Os moradores locais, por sua vez, estão apreensivos quanto ao consumo de frutos do mar e seus potenciais impactos na saúde humana, conforme destacado pelos advogados.
Enquanto buscam impedir a TEPCO de continuar com o despejo da água, os requerentes também pretendem obter do tribunal a revogação das aprovações concedidas pela Autoridade de Regulação Nuclear nos meses de maio e julho. Essas aprovações permitiriam a continuidade do projeto controverso.
A batalha legal iminente lança luz sobre as preocupações crescentes da comunidade local em relação à gestão segura dos resíduos radioativos e ao equilíbrio entre interesses econômicos e a saúde pública. A decisão do tribunal no próximo mês poderá ter implicações de longo alcance para o tratamento de resíduos radioativos em todo o país.
Foto: NHK/Reprodução