Economia

Dólar passa de ¥134 pela primeira vez desde 2002

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No mercado de câmbio de Tóquio na manhã desta quinta-feira (9), o dólar subiu para mais de ¥134 e rompeu as altas dos mercados estrangeiros no dia anterior, ficando no maior patamar em 20 anos e quatro meses, desde fevereiro de 2002.
O Banco do Japão continua sendo um dos poucos bancos centrais globais a manter uma postura dovish, enquanto outros adotaram políticas mais rígidas de aumento das taxas de juros para combater a inflação.
As autoridades japonesas mantiveram sua posição de apoio a um iene mais fraco na quarta-feira, dizendo ser positivo para a economia.
“Vários modelos macro sugerem que (o iene fraco) é uma vantagem para a economia”, desde que seus movimentos sejam estáveis, disse o presidente do Banco do Japão, Haruhiko Kuroda, ao Parlamento na quarta-feira, reiterando sua posição.
O ministro das Finanças, Shunichi Suzuki, disse que o iene fraco tem pontos positivos e negativos para a economia, embora possa ser negativo se os salários permanecerem estagnados, o que significaria danos potenciais às famílias devido ao aumento do custo de vida.
A especulação nos mercados financeiros sugere que o Japão pode de alguma forma agir para deter a fraqueza do iene, que está elevando os preços de importação e o custo de vida das famílias, intervindo para vender dólares – uma mudança de sua postura tradicional de tentar enfraquecer o iene.
O Japão não interveio nos mercados de câmbio desde que tentou conter a alta do iene após um devastador terremoto e tsunami em março de 2011.
No passado, os formuladores de política monetária precederam qualquer ação em moedas aumentando seus avisos verbais, que atraíram muita atenção dos mercados.
“Não há um limite claro de quando os formuladores de políticas podem aumentar o alerta contra o iene fraco. Eles podem esperar até chegar a 140 ienes”, disse Daisuke Karakama, economista-chefe de mercado do Mizuho Bank.
“Com o apoio dos eleitores permanecendo alto, os formuladores de políticas parecem complacentes. Portanto, eles não queriam que Kuroda dissesse algo desnecessário para balançar o barco.”
Kuroda estava na defensiva na quarta-feira devido a uma observação que fez no início desta semana de que as famílias japonesas estavam se tornando tolerantes aos preços mais altos.
Ele retirou o comentário em sua aparição perante o Parlamento, depois de receber críticas por aparente insensibilidade ao impacto do aumento do custo de vida dos consumidores.
“Minha expressão de que as famílias estão se tornando mais receptivas aos aumentos de preços não foi nada apropriada, então eu a retiro”, disse ele.
“O mais importante é que as empresas com melhores lucros com o iene fraco aumentem os gastos de capital e os salários, para conduzir um ciclo positivo de maiores rendimentos levando a mais gastos.”
Kuroda disse que os movimentos do dólar podem não ser muito afetados pelos aumentos de juros nos EUA, a menos que sejam mais fortes do que o esperado, de acordo com uma gravação de uma entrevista online do Financial Times.
DÓLAR NO BRASIL
O dólar se acomodou no fechamento das operações do mercado à vista na quarta-feira, depois da forte alta da véspera, mas ainda teve ganho moderado e suficiente para marcar nova máxima em quase três semanas, em dia de pouco apetite por risco nos mercados externos.
O dólar interbancário subiu 0,34%, a 4,8906 reais na venda. A variação no fechamento foi contida, depois de oscilações mais amplas mais cedo. Na máxima, a cotação apreciou 0,72%, a 4,909 reais, e na mínima caiu 0,54%, a 4,8478 reais.
Com isso, manteve-se acima de sua média móvel de 50 dias (atualmente em 4,8485 reais), linha cruzada na véspera com o rali dos preços.
Na terça, o dólar saltou 1,63%, mas chegou a disparar cerca de 2,9% no pico do dia, quando superou com folga 4,90 reais, impulsionado por temores de nova fragilização das contas públicas.
O noticiário sobre meios de baixar a inflação via cortes de impostos e limitações de alíquotas prosseguiu e manteve investidores com um pé atrás.
O senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), relator no Senado do projeto que impõe um teto para o ICMS sobre combustíveis e energia elétrica, disse que seu parecer mantém a estrutura principal do projeto conforme aprovado pela Câmara, mas faz algumas modificações em relação à compensação prevista para perdas de receita dos Estados.
Na noite de terça, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), confirmou a previsão de votação na próxima segunda-feira de projeto e possivelmente também de PECs a serem apresentadas que tratam de tributação de etanol, diesel e GLP, além de compensações a isenção tributária dos Estados.
O dinheiro para ressarcir Estados que zerarem o ICMS sobre alguns setores ficaria fora do teto de gastos pela proposta do governo, e o Citi avaliou como “muito provável” outro ajuste no instrumento, visto ainda pelo mercado como uma espécie de âncora fiscal.
Em relatório sobre implicações fiscais de governos dos dois candidatos que lideram as pesquisas de intenção de voto para presidente –Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL)–, o banco norte-americano disse ver aumento do gasto público independentemente de quem vencer, mas pontua que um cenário com o petista “parece carregar mais incerteza” devido a dúvidas sobre a coalizão de Lula no Congresso.
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