Tóquio, Japão — O Japão alcançou um marco histórico com o número de trabalhadores estrangeiros ultrapassando pela primeira vez a marca de 2 milhões, revelando uma resposta direta à crescente demanda por mão de obra externa para enfrentar os desafios decorrentes do envelhecimento da população e da baixa taxa de natalidade.
Os dados, divulgados nesta sexta-feira pelo Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar, destacam a importância cada vez maior dos trabalhadores estrangeiros na economia japonesa.
Em outubro do ano passado, o número de trabalhadores estrangeiros atingiu a impressionante cifra de 2.048.675, representando um aumento significativo de 12,4% em relação ao ano anterior.
Além disso, o número de locais de trabalho empregando trabalhadores estrangeiros registrou um aumento de 6,7%, totalizando 317.775 estabelecimentos.
Entre as comunidades estrangeiras no Japão, os trabalhadores brasileiros, embora tenham visto um aumento leve de 1,45%, totalizando 137.132, perderam sua posição anterior para os nepaleses, cujo número cresceu substancialmente em 23,2%, totalizando 145.587.
Os dados revelam a seguinte distribuição dos trabalhadores estrangeiros no Japão, com base nas estatísticas do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar de outubro de 2023:
- Vietnamitas: 518.364
- Chineses: 397.918
- Filipinos: 226.846
- Nepaleses: 145.587
- Brasileiros: 137.132
- Indonésios: 121.507
- Coreanos: 71.454
- Mianmarenses: 71.188
- Tailandeses: 36.543
- Peruanos: 31.584 Outros: 290.552 Total: 2.048.675
Os vietnamitas lideram o ranking como a maior comunidade estrangeira, representando 25% do total, seguidos pelos trabalhadores da China e das Filipinas.
O aumento mais notável foi observado entre os trabalhadores com vistos para campos “profissionais e técnicos”, refletindo uma tendência crescente de especialização entre os estrangeiros que buscam oportunidades no Japão.
Além disso, houve um aumento significativo de 20% no número de estagiários participantes do programa de treinamento técnico, apesar dos desafios impostos pela pandemia de Covid-19.
Com a população em idade produtiva no Japão (15 a 64 anos) em declínio desde 1995, a escassez de trabalhadores tem se tornado uma preocupação crítica, levando ao fechamento de empresas e ao aumento das falências.
Para atingir as metas de crescimento econômico estabelecidas pelo governo japonês, estudos indicam que o número de trabalhadores estrangeiros precisaria dobrar para cerca de 4,2 milhões até 2030 e chegar a 6,74 milhões até 2040.
Pesquisas conduzidas pela Câmara de Comércio e Indústria do Japão e pela Câmara de Comércio e Indústria de Tóquio revelam que quase 70% das pequenas e médias empresas enfrentam escassez de mão de obra, o mais alto índice desde o início das pesquisas em 2015.
Esse déficit de trabalhadores tem contribuído para um aumento recorde de falências em 2023, com 260 casos relatados.
A dependência crescente de trabalhadores estrangeiros destaca não apenas a necessidade de políticas de imigração mais flexíveis, mas também a importância de iniciativas que promovam a integração eficaz desses trabalhadores na sociedade japonesa.
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