Tóquio, Japão — Hoje marca o centenário do Grande Terremoto de Kanto, um evento sísmico histórico que abalou o Japão e resultou em uma trágica perda de vidas.
As autoridades japonesas aproveitaram a ocasião para destacar os esforços contínuos em pesquisa e preparação para mitigar futuros desastres, mas também expressaram preocupações em relação aos estrangeiros que vivem ou visitam o país, devido às barreiras de idioma e culturais.
De acordo com estimativas do Ministério da Saúde, a população estrangeira no Japão está prevista para atingir 9,39 milhões em 2070, representando 10% da população total do país.
Essa crescente diversidade levanta desafios adicionais em termos de preparação e resposta a desastres.
Em 2014, a Agência de Turismo do Japão lançou o aplicativo “Safety Tips”, que oferece suporte em 15 idiomas, incluindo o português, e fornece notificações push sobre terremotos e informações de evacuação. No entanto, o aplicativo registrou apenas 350 mil downloads até o momento, levantando preocupações sobre sua eficácia.
Os governos locais têm se esforçado para fornecer informações sobre desastres de maneira acessível, traduzindo termos como “tsunamis” para “ondas extremamente altas” e “centros de evacuação” para “locais de evacuação”. No entanto, com a expectativa de atrair 60 milhões de visitantes em 2030, há incertezas sobre se as medidas de preparação atualmente em vigor serão suficientes.
Desde 2021, a Agência de Turismo do Japão vem instando os governos locais a desenvolver um “plano de gestão de crises turísticas” que inclua medidas de resposta a desastres para turistas nacionais e estrangeiros.
No entanto, uma pesquisa de 2010 realizada pela agência revelou que apenas 8,8% dos governos locais haviam formulado tal plano, citando escassez de recursos e pessoal como uma das razões.
Uma alternativa que tem ganhado força é o treinamento de estrangeiros como líderes na prevenção de desastres. A cidade de Soja, na província de Okayama, lançou esse projeto em 2013, treinando líderes de diferentes nacionalidades em medidas de prevenção de desastres.
Hoje, a cidade conta com 43 líderes de 8 países, responsáveis por orientar estrangeiros, incluindo turistas, nos centros de evacuação em caso de desastre.
Essa iniciativa começou a se espalhar para outras regiões do país, como Sapporo e Sendai, após um estrangeiro voluntário oferecer ajuda durante as enchentes de 2018 em Soja.
Um funcionário da cidade de Soja afirmou: “Os governos locais muitas vezes enfrentam dificuldades ao lidar com estrangeiros em situações de desastre, e é crucial treinar trabalhadores estrangeiros para auxiliá-los em todo o país.”
Hoje, em memória das 105.000 vítimas do Grande Terremoto de Kanto, o Japão realizou uma cerimônia no Tokyo Metropolitan Memorial Hall, em Sumida, na capital japonesa. A
cerimônia reuniu 130 pessoas, incluindo autoridades e membros da realeza, como o príncipe herdeiro Akishino e a princesa herdeira Kiko.
Além disso, em todo o país, foram realizados exercícios de prevenção de desastres para marcar o Dia de Prevenção de Desastres, lembrando o impacto duradouro desse evento histórico.
O Grande Terremoto de Kanto, ocorrido em 1º de setembro de 1923, com magnitude estimada de 7,9, teve um foco no noroeste da Baía de Sagami, na província de Kanagawa.
O terremoto resultou em uma série de tremores secundários e incêndios devastadores, causando destruição em Tóquio e Yokohama, onde cerca de 40% da capital foi arrasada.
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