Tóquio, Japão — Em meio a crescentes tensões geopolíticas na região asiática, o Japão anunciou um aumento no nível de alerta devido à assertividade demonstrada pela China, suas ligações militares com a Rússia e suas reivindicações territoriais sobre Taiwan.
O relatório anual de defesa, divulgado na sexta-feira (28), apresenta as preocupações do país diante do atual cenário de segurança, classificado como o mais delicado desde a Segunda Guerra Mundial.
De acordo com informações do jornal Asahi, este é o primeiro relatório sob a nova estratégia de segurança japonesa, que visa um significativo fortalecimento das capacidades militares do país. O documento destaca a contribuição da China, Rússia e Coreia do Norte para o agravamento da situação regional.
O aumento da superioridade militar chinesa em relação a Taiwan e a estreita cooperação militar entre Pequim e Moscou são apontados como motivos de séria preocupação. O relatório também ressalta os avanços rápidos da Coreia do Norte em seu programa nuclear e de mísseis.
Um dos pontos-chave do relatório é a previsão de que a China possua 1.500 ogivas nucleares até 2035, além das ameaças contínuas dirigidas a Taiwan. Essa situação aumenta as tensões na região, representando uma ameaça à segurança, especialmente para as ilhas do sudoeste do Japão, incluindo Okinawa.
Enquanto o governador de Okinawa, Denny Tamaki, defende a redução das bases militares dos EUA e um maior esforço diplomático e de diálogo com Pequim, o governo central do Japão está tomando medidas para reforçar a defesa das ilhas remotas do sudoeste. Locais como Ishigaki e Yonaguni receberam novas bases de defesa de mísseis.
O relatório alerta para a rápida evolução do programa nuclear e de mísseis da Coreia do Norte, considerando-a como uma ameaça mais grave e iminente ao Japão do que nunca.
Desde o início de 2022, Pyongyang lançou cerca de 100 mísseis, incluindo aqueles de alcance intercontinental. Agora, as autoridades japonesas acreditam que o país vizinho possui a capacidade de realizar ataques nucleares contra o Japão e os Estados Unidos.
A divulgação do relatório ocorre sete meses após o governo liderado pelo primeiro-ministro Fumio Kishida adotar novas estratégias de segurança e defesa nacionais.
Essas medidas afirmavam a decisão de fortalecer a capacidade militar japonesa e dobrar o orçamento de defesa até 2027, alcançando a marca de 43 trilhões de ienes (cerca de 310 bilhões de dólares). Com tais ações, o Japão busca enfrentar os desafios crescentes em seu cenário geopolítico, mantendo-se vigilante frente às mudanças no equilíbrio de poder na região asiática.
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