Economia

Inflação ao consumidor no Japão supera nível mais alto em 42 anos

A inflação de alimentos atingiu um aumento de 9,2% no mês passado

Inflação ao consumidor no Japão supera nível mais alto em 42 anos
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Tóquio, Japão — O índice de inflação ao consumidor no Japão ultrapassou as expectativas em maio, e um índice excluindo os custos de combustível registrou o aumento anual mais rápido em 42 anos. Esses dados ressaltam o aumento dos preços, que colocará o banco central sob pressão para reduzir gradualmente seus estímulos massivos.

O avanço foi impulsionado pelos constantes aumentos nos preços de alimentos e itens essenciais do dia a dia, representando um obstáculo ao consumo devido ao aumento do custo de vida enfrentado pelas famílias, afirmam analistas.

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O índice nacional de preços ao consumidor (CPI) central, que exclui alimentos frescos, mas inclui itens de energia, registrou um aumento de 3,2% em maio em relação ao ano anterior, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (23). Embora tenha desacelerado em relação aos 3,4% de abril, superou as previsões de ganho de 3,1% do mercado.

A inflação central agora tem superado a meta de 2% estabelecida pelo banco central por 14 meses consecutivos, levantando dúvidas sobre sua visão de que a inflação recente, impulsionada pelos custos, será temporária.

“À medida que o repasse dos custos crescentes se desenrola, a inflação central atingirá o pico no verão”, afirmou Ryosuke Katagi, economista de mercado da Mizuho Securities. “Mas as empresas podem continuar repassando os custos por mais tempo do que o esperado. Os riscos para a inflação são ascendentes.”

O chamado “índice core-core”, que exclui os efeitos de alimentos frescos e combustíveis e é observado de perto pelo Banco do Japão (BOJ) como um indicador-chave das tendências de preços impulsionadas pela demanda doméstica, aumentou 4,3% em maio, acelerando em relação ao ganho de 4,1% em abril e marcando o maior aumento desde junho de 1981.

Enquanto os custos de energia caíram 8,2% em maio em comparação com o ano anterior, devido aos subsídios do governo, a inflação de alimentos acelerou para 9,2% no mês passado, em relação aos 9,0% de abril, principalmente devido ao aumento nos preços de itens como frango frito, hambúrgueres e chocolates.

Os preços das diárias de hotéis também aumentaram 9,2% em maio, mais rápido do que o aumento de 8,1% em abril, segundo os dados divulgados, o que indica que a demanda robusta do turismo estava permitindo que as operadoras aumentassem suas tarifas.

MUDANÇA DE POLÍTICA DISTANTE

Os preços dos serviços aumentaram 1,7% em maio, na comparação anual, abaixo do aumento de 4,7% nos preços dos bens, mas permaneceram estáveis em relação a abril, o que indica que salários mais altos podem começar a impulsionar a inflação nos serviços.

Analistas consultados pela Reuters esperam que o CPI central em Tóquio, considerado um dos principais indicadores das tendências nacionais, suba 3,3% na comparação anual em junho, após o ganho de 3,2% registrado em maio.

Esses dados aumentam a possibilidade de o Banco do Japão revisar suas projeções de preços em sua próxima revisão trimestral, em julho, embora seja improvável que ocorra o fim das taxas de juros ultrabaixas, afirmam analistas.

“Embora as pressões de preços estejam aumentando, a inflação continua sendo predominantemente impulsionada pela oferta”, afirmou Stefan Angrick, economista sênior da Moody’s Analytics. “Com uma economia ainda menor do que antes da pandemia, ajustes nas políticas ainda estão distantes.”

Alguns participantes do mercado esperam que o Banco do Japão ajuste sua política de controle de rendimentos já em julho para lidar com os efeitos colaterais, como as distorções causadas no mercado de títulos.

O presidente do banco central, Kazuo Ueda, enfatizou a necessidade de manter uma política monetária flexível até que a inflação esteja sustentavelmente em torno de 2% e acompanhada por aumentos salariais. Ele também declarou que a inflação central cairá abaixo de 2% em setembro ou outubro, embora os aumentos de preços sustentados tenham colocado essa visão em dúvida.

Nas projeções mais recentes, divulgadas em abril, o Banco do Japão esperava que a inflação central ao consumidor atingisse 1,8% no atual ano fiscal, que termina em março de 2024. Esse número é muito menor do que o aumento de 2,6% projetado em uma pesquisa realizada pela Reuters em maio.

Foto: REUTERS/Androniki Christodoulou

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