Tóquio, Japão – Uma pesquisa realizada pela Confederação Sindical do Japão (Rengo) revelou preocupantes índices de discriminação de gênero e exclusão com base na formação educacional entre os candidatos a emprego no país.
Segundo o estudo, publicado pelo jornal Yomiuri, quase 33% dos candidatos afirmam sentir-se discriminados devido a seu gênero, enquanto mais de 40% acreditam que sua formação educacional os elimina injustamente da competição.
O levantamento, conduzido online em âmbito nacional, contou com a participação de 1.000 homens e mulheres com idades entre 15 e 29 anos, que realizaram exames de emprego nos últimos três anos.
Os resultados evidenciaram a existência de situações de constrangimento durante as entrevistas, com 19,5% dos candidatos a vagas relatando terem ouvido comentários impróprios.
Além da preocupação em conquistar um emprego, a pesquisa revelou que 32,8% dos entrevistados – sendo 30,1% homens e 35,7% mulheres – estavam preocupados com o sexismo.
Um número significativo de participantes, 39,6%, afirmou que as vagas de trabalho eram direcionadas exclusivamente para homens ou mulheres, enquanto 36,9% mencionaram a existência de cotas de emprego diferenciadas por gênero.
Durante as entrevistas, muitos recrutadores demonstraram comportamentos inadequados. Uma mulher de 25 anos citou um representante da empresa que afirmou: “Você vai sair rapidamente porque é mulher”. Já um homem de 29 anos relatou ter sido chamado de “feminino”. Esses relatos demonstram a persistência de estereótipos de gênero e preconceitos no processo seletivo.
Outro problema detectado pela pesquisa foi que 40,4% dos entrevistados afirmaram terem sido eliminados do processo de recrutamento por conta das instituições educacionais em que se formaram.
A Rengo informou que essa proporção foi de 33,6% para estudantes e graduados do ensino médio, e de 43,9% para universitários e graduados, incluindo aqueles que estavam cursando ou se formaram em escolas de pós-graduação.
A pandemia também teve um impacto negativo nos candidatos a emprego. Cerca de 10,1% dos entrevistados afirmaram terem sido tratados injustamente devido ao contexto pandêmico.
Entre os relatos, um jovem de 22 anos afirmou: “Disseram-me para não chegar perto”. Uma mulher de 18 anos criticou os funcionários de uma empresa por presumirem que sua “vida escolar deve ter sido terrível” durante a pandemia.
Mesmo com algumas empresas removendo a seção de gênero dos formulários de solicitação de trabalho em consideração às minorias sexuais, a pesquisa revelou que 80,5% dos entrevistados ainda eram obrigados a especificar seu gênero, o que evidencia a persistência de práticas discriminatórias.
Diante desses dados alarmantes, é necessário que medidas sejam tomadas para combater a discriminação de gênero e garantir igualdade de oportunidades no mercado de trabalho japonês. A conscientização, a implementação de políticas inclusivas e a promoção de uma cultura de respeito são fundamentais para construir uma sociedade mais justa e igualitária.
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