Nara, Japão — O Tribunal Regional de Nara foi forçado a interromper o encontro preliminar relacionado ao caso do assassinato do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe nesta segunda-feira (12), devido à entrega inesperada de um pacote suspeito, conforme reportado pela agência de notícias Kyodo.
Com temores de um possível dispositivo explosivo, todos os funcionários do Tribunal foram prontamente evacuados do prédio. Uma equipe especializada em desarmar bombas da polícia foi chamada para lidar com a situação.
A chegada do pacote em questão levou ao adiamento da primeira audiência de pré-julgamento do acusado, Tetsuya Yamagami, que foi oficialmente indiciado por alvejar Shinzo Abe durante um comício eleitoral em julho do ano passado.
O encontro, que deveria ocorrer hoje, tinha o propósito de reunir o réu de 42 anos, funcionários do Tribunal, promotores e advogados, visando examinar as evidências e estabelecer o calendário para o julgamento.
O pacote suspeito, uma caixa de papelão selada com fita adesiva, medindo cerca de 33 cm de comprimento, 28 cm de largura e 26 cm de altura, deflagrou um detector de metais no Tribunal.
A polícia assumiu a custódia do pacote e o removeu para um local seguro, onde está sendo atualmente examinado para determinar o seu conteúdo.
Yamagami, que foi indiciado e se tornou réu em janeiro deste ano, enfrenta acusações pelo assassinato de Abe e por violações das leis de armas, após passar por uma avaliação psiquiátrica de seis meses.
O réu, que será julgado por um júri popular, teria alimentado ressentimentos contra a Igreja da Unificação, alegando que a organização religiosa era responsável por sua família ter sido levada à falência. Ele acusou a igreja de convencer sua mãe a doar aproximadamente ¥100 milhões (US$ 774,7 mil) e culpou Abe por seu apoio à organização.
No evento que abalou o país e o mundo, Yamagami foi preso em 8 de julho do ano passado, após atirar em Abe com uma arma caseira durante um comício eleitoral na cidade de Nara. O agendamento do julgamento de Yamagami será decidido após a resolução da situação de segurança atual.
A Igreja da Unificação, conhecida por seus casamentos em massa, foi fundada na Coreia do Sul em 1954 e conta com um número significativo de seguidores no Japão, sendo uma importante fonte de receita para a organização.
Foto: REUTERS