Nesta sexta-feira (28), o Banco do Japão (BOJ) anunciou que manterá as taxas de juros ultrabaixas, mas realizou uma ampla revisão de sua política monetária. Essa medida estabelece as bases para o novo chefe do banco, Kazuo Ueda, eliminar gradualmente o programa de estímulo maciço de seu antecessor.
O BOJ não fez alterações em sua política de controle da curva de juros (YCC), mas modificou sua orientação futura, removendo a promessa de manter as taxas de juros em “níveis atuais ou mais baixos” e acrescentando que “continuaria pacientemente com flexibilização monetária” dada a incerteza econômica.
A decisão do BOJ indicou que Ueda não tem pressa em retirar o estímulo monetário de seu predecessor, Haruhiko Kuroda, que se aposentou este mês após uma década no comando.
O banco central também informou que analisará várias medidas de flexibilização monetária tomadas nos últimos 25 anos para combater a deflação e seu impacto na economia e nos preços.
Embora a revisão possa abrir espaço para um ajuste futuro na prolongada política ultrafrouxa do BOJ, alguns analistas disseram que seu longo prazo pode significar que qualquer mudança será lenta.
O BOJ manteve inalterada sua política de YCC que estabeleceu uma meta de taxa de juros de curto prazo de -0,1% e para o rendimento dos títulos de 10 anos em torno de zero.
Em novas projeções trimestrais divulgadas nesta sexta-feira, o conselho revisou o núcleo da inflação ao consumidor para 1,8% no atual ano fiscal que termina em março de 2024 e 2,0% no ano seguinte.
Os mercados estão se concentrando na entrevista coletiva pós-reunião de Ueda em busca de pistas sobre quando o BOJ poderá eliminar gradualmente o estímulo.
A defesa enérgica do BOJ de um limite implícito de 0,5% definido para o rendimento dos títulos de 10 anos atraiu críticas por distorcer a forma da curva de rendimentos e drenar a liquidez do mercado de títulos, aumentando as expectativas de que Ueda em breve eliminará o YCC.
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